15 de abr. de 2014

Dorsedem Craivita, de Wanju Duli


Toda vez que concluo a leitura de um livro ou reflexão sobre magia de Wanju Duli, me sinto tomado por pensamentos dos mais diversos. A autora possui o dom de infundir ideias, fomentar reflexões no leitor. Acabei no exato momento em que escrevo esta resenha a leitura do seu mais novo livro: Dorsedem Craivita, título que fala muito sobre a obra  logo de cara e cujo subtítulo, Groimori ed Qaox deixa claro que temos outra obra de teor magístico.

Existem muitos magistas na internet escrevendo sobre magia, cada um com seu campo de atuação, públicos diferentes. Invariavelmente quem escreve sobre magia no sentido de domínio da vontade sobre a mente também possui outras crenças, outros costumes que acabam misturados aos conceitos de magia. Assim é com praticamente todos, inclusive comigo, impossível não notar minhas orientações ideológicas, religiosas e filosóficas nos meus escritos.  A Wanju é diferente, e nisso está o seu destaque. Ela pensa a magia de forma pura, magia pela magia, sem misturar com outros conceitos e doutrinas, magia como exercício da vontade, como autosuperação mental, magia como expressão criativa e artística, se manifestando através da literatura, poesia, música e etc. Isso a torna algo diferente de escritora de ocultismo ou de magista, a considero uma pensadora da magia.

Seu caráter de pensadora se reflete bastante em suas obras, principalmente nas que são explicitamente voltadas para o público ocultista, como Agracamalas e Grimório da Insolência. O pensador é aquele que organiza um sistema que explique algo, no caso, a magia, e transmita de forma prática tal sistema. Assim são os livros da autora, não explicam o sistema, jogam o leitor no meio dele, para que o sinta na própria pele e passe a por si só compreendê-lo. O problema disso são as críticas de quem não entendeu, que podem eventualmente levar a autora a achar que sua obra não alcançou o objetivo. É um efeito colateral chato, nada pior para um autor do que ninguém entender sua mensagem. A boa notícia é que não há o que entender, há o que se sentir, há o que se divertir na leitura. Há que se abrir a própria mente para criar seus próprios mundos.

Não espere em um grimório de Wanju Duli achar a fórmula para trazer o amor em 3 dias, criar super servidores e sigilos ou evocar seres ultragalacticos. Espere duas coisas, boas ideias para refletir a magia e uma grande dose de diversão com as histórias.

Dorsedem Craivita é a história de um lixeiro, que aprende uma ou duas coisas sobre magia através de um livro que seu neto estava lendo que conta a história de um bravo índio-guerreiro-mago chamado Bosque Sul, para logo em seguida desaprender e fazer tudo diferente, reaprendendo no dia seguinte e desfazendo o que fez no anterior. Algumas mensagens são bem nítidas no decorrer do livro no que tange à filosofia da magia, uma das mais claras é o fato de que procurar a ascensão mágica através da realização da vontade pode ser tido como uma coisa infantil se você considerar que ninguém sabe o que quer afinal, ninguém consegue se despir das programações sociais, religiosas, culturais e doutrinárias de todo tipo para encontrar sua vontade pura, então centralizar o mundo na sua vontade é como imaginar uma ponte sobre um rio e tentar atravessá-lo por ela. Ou para usar um ditado popular, é como cagar na gaiola e esperar que a merda cante.

Esse tipo de pensamento provocado pelos escritos da Wanju já me renderam bons textos nesse blog, bons trechos para meus livros e muitos momentos de ideias fervilhando. A menção do meu último livro, O.F.I. como fonte de inspiração muito me honra, inclusive porque o incentivo e a inspiração fornecidos pela Wanju foram essenciais para que eu começasse a publicar minhas obras. Aprendi em seus escritos que não existe forma errada ou certa de ser magista, existe a nossa forma e não devemos ter receio ou vergonha de mostrar. Assim, não tive receio de expor a teoria dos protocolos em Liber PPP ou explicar minhas idéias básicas de filosofia e prática mágica em Vias Ocultas, nem mesmo de mostrar minha visão do mundo ocultista de forma irônica e humorística em O.F.I.

Quem leu minhas obras e da Wanju sabe que são bem diferentes nossas visões da magia e nossas práticas. Considerando isso, que afirmo que Dorsedem Craivita não é um mero livro de magia do caos. É um livro para se pensar a magia, útil a qualquer um que se disponha a tal tarefa. Você que se diz um magista, já parou para pensar sobre magia? As obras de Wanju Duli são uma ótima pedida para isso. Se você concordar com a visão dela, ótimo para você, é uma forma divertida e interessante de praticar e viver. Se não, ainda assim tirará grandes benefícios da leitura, que no meu caso foi o pontapé para que eu começasse minha própria obra.

Resta então dar os parabéns à autora. Parabéns por mais esta obra Wanju e que quando você voltar aos escritos caoístas possa nos brindar com muitas outras. Porém, parabéns é pouco nesse caso. Não só pelo Dorsedem mas por todas as linhas que dedicou a pensar e fazer magia, dedico além dos meus parabéns, o meu MUITO OBRIGADO.












17 de fev. de 2014

A Quem Pertence a Umbanda? - Mensagem de um Caboclo



Desde que surgiu das brumas distantes que guardam as queridas Aruanda e Juremá, dentre outras, a Umbanda já possuiu muitos pretensos donos. De doutrina consoladora, que prega paz e caridade, já foi tida e ainda é por muitos como verdadeira banca de produtos espirituais, onde com o preço certo, e até com regateios é possível comprar o amor, a vingança e o sucesso. 

Meus irmãos, a matéria pertence à matéria e o espírito pertence ao espírito. Os bons e velhos guias jamais se negarão a remover obstáculos impróprios colocados nos caminhos de seus filhos de fé ou de qualquer um que busque ajuda, mas tudo de acordo com o merecimento. Ninguém pode romper os liames do carma e dar o que é indevido ou tomar o que é merecido sem contrair enorme dívida perante a Divina Providência. Corram dos mercadores de trabalhos, pois suas mercadorias são como um empréstimo tomado a usurário. fácil de contrair mas tremendamente pesado de se pagar. 

Muitas luzes de esclarecimento foram levantadas sobre tal questão, porém, ainda muitas ovelhas de Pai Oxalá caem em tais armadilhas, acreditando que a Umbanda possui um dono, que as entidades acatam ordens de seres encarnados a troco de pagamentos materiais, oferendas de sangue ou coisa que o valha.Um trabalhador do bem deseja o sangue dos filhos de fé batendo forte no peito no serviço à Oxalá e não derramado em trabalhos para os escravos das trevas beberem.

A Umbanda não pertence a nenhum espírito, nenhuma entidade, nenhum sacerdote. Fujam sem hesitar de qualquer um que coloque sua prática como verdadeira e as demais como frutos da ignorância. São crias de lobo em busca de ovelhas para saciar sua fome material e espiritual.

A Umbanda pertence a todos que, de coração aberto, aceitam seus princípios e ensinamentos sagrados. Ninguém é mais ou menos umbandista a não ser na medida em que seu coração está entregue ao serviço de Nosso Senhor. 

Os guias, os Orixás e todas as forças que trabalham pela evolução da humanidade não desamparam um filho do pai por este não ser iniciado ou por não frequentar casa, tenda ou terreiro. Batei, e a porta vos será aberta, já dizia alguém maior que todos nós.

Na Paz do Senhor.

Caboclo Ubirajara.

em 17/02/2014.

12 de fev. de 2014

Mensagem de um Amigo Espiritual sobre as Rezas e Benzimentos





Muitas pessoas por ignorância, tratam os benzimentos como instrumentos ultrapassados da cultura popular. Enquanto algumas práticas espiritualistas começam a ser estudadas pela ciência convencional, as rezas e benzimentos caminham em muitos locais para a extinção, a medida em que seus velhos e velhas praticantes partem para o mundo espiritual sem ter a quem possam passar seus conhecimentos ancestrais.

Ora, a espiritualidade não poderia jamais deixar que tão precioso instrumento de descarrego e semeadura do bem simplesmente desaparecesse após milênios de uso em todas as civilizações humanas. Tampouco era desejável que ficasse retido apenas nos domínios de alguns cultos e práticas espiritualistas as quais nem todos tem acesso.

Foi então que a partir de diversos mentores, guias e amigos espirituais foi passada a mensagems aos médiuns encarnados e todos aqueles com abertura suficiente para que estudassem as rezas, praticassem os benzimentos. Alguns foram inspirados apenas a ensinar ou aprender as práticas, enquanto outros foram conduzidos a estudar cientificamente os mecanismos desse instrumento de cura.

Vimos esotéricos, país de santo, rezadores e pessoas de várias origens dando, cada um a sua maneira, novo fôlego às velhas benzeduras. A maioria destes nem imagina que tudo está ligado, afinal, alguns que possuem consciência do mundo espiritual não insistem em fazerem-se de cegos ao fato de que tudo que acontece em um lado influencia e é influenciado pelo outro?

Atentai todos às inspirações, não ignorem as ideias de semear o bem que surgem em suas mentes. Não deixem para depois quando se sentirem inspirados a ajudar alguém. Muitas vezes, do lado de um médium teimoso estão diversos amigos espirituais, benfeitores da seara de Oxalá, esperando a colaboração de um mediador para espalhar as bençãos que nosso pai permite que fluam entre as dimensões.

Fiquem todos com Deus.

Cigana Dandara, em 12/02/2014