Era cansativo para
ele o simples fato de ter que sair do local que fora preparado para
que ele passasse todo o tempo, era como exigir de um velho cansado
que novamente agisse como se fosse décadas mais novo. Ele não era
velho, pelo menos seu corpo não era, possui apenas 21 anos, mas a
velhice de que estava acometido não era a corporal, era o incrível
cansaço mental que se sente quando se está tentando viver em meio a
pessoas que não entendem nem um décimo de suas ideias e motivações.
Era assim que o Micli vivia se sentindo, imagine-se tentando ensinar
a um grupo de babuínos noções de filosofia e ciência e fará uma
terá uma boa noção da dificuldade que ele tinha com a ordem que o
protegia e adorava, os Filhos de Itz, conhecidos popularmente como a
Ordem da Santa Morte.
Tal ordem se dizia
diretamente sucessora da velha ordem sacerdotal do deus da morte do
império Natharaya, cujo verdadeiro nome só seus seguidores
conhecem, mas é comumente chamado de Micli, nome usado para se
referir aos avatares do Deus reencarnam seguidamente para guiar a
ordem. Desde a queda do império, durante a grande invasão dos
Shards, os filhos de Itz acharam que Micli nunca mais encarnaria
entre eles, pois não lhes era mais possível fazer os imensos
rituais de sacrifícios necessários para agradá-lo a ponto de ele
enviar um avatar. Muitas vidas eram ceifadas na ponta de seus
imponentes punhais de obsidiana para trazer ao mundo uma encarnação
do Micli, que os guiava e orientava por um grande tempo, e ao morrer,
recomeçavam novamente os rituais para que o Deus novamente os
presenteasse com uma encarnação.
Na verdade
sobraram pouquíssimos membros da orgulhosa ordem sacerdotal de Micli
com a violenta perseguição dos conquistadores, bárbaros inferiores
que não compreendiam os valores do infinito e destruíram tantas
práticas que eram realizadas para agradar os deuses e evitar o fim
do mundo. Mas não foram destruídos por completo, salvaram seus
ritos, muitos objetos sagrados e armas e se esconderam por séculos,
primeiramente em áreas bárbaras, e posteriormente agregando-se ás
cidades que foram surgindo, que serviram como ótima forma de
proteção. Foi ficando cada vez mais difícil pois apenas legítimos
descendentes dos Natharayas podiam ser membros, e o número ia
diminuindo cada vez mais, principalmente devido à miscigenação. E
tudo isso era agravado pelo fato de há muito tempo não receberem
nenhum sinal do Senhor do Mundo inferior, o deus da morte, a quem
serviam. Porém, certo dia receberam um sinal, após muito tempo o
senhor respondeu aos clamores e anunciou um novo Micli, foi um sopro
de vida para todos, pois já contavam com a extinção em poucas
gerações. Após o primeiro sinal consultaram os oráculos para
determinar onde e quando nasceria o próximo Micli, e qual não foi o
espanto de todos, ao verem que era um mestiço, filho de um sacerdote
da ordem com uma mestiça lavadeira. Vários se revoltaram e não
quiseram aceitar, mas era inquestionável, os sinais do senhor do
submundo não era passíveis de engano, o garoto nasceu e foi aceito
como Senhor por todos.
Quem quer que
tivesse dúvidas sobre a autenticidade da encarnação, teve total
certeza quando o garoto cresceu, era exatamente como os registros dos
Micli anteriores, as mesmas habilidades, os mesmos poderes. Havia
apenas uma única diferença, disse ele que tinha vindo para colocar
a ordem em uma nova era, deviam a partir de agora aceitar membros de
qualquer raça, pois só assim sobreviveriam para cumprir os
desígnios do grande deus. Aceitaram, e isso valeu a sobrevivência
da Ordem de Itz. Porém, não era a única grande transformação por
qual teriam que passar.
O Micli que fez
essa grande mudança, partiu de volta aos 74 anos de idade, deixou
para trás uma ordem de seguidores bem maior, formada por Natharays,
outras etnias de nativos de Selgaor e inclusive, pessoas de várias
nações Shards e até mesmo de Povos Xamânicos. Quando partiu,
começaram secretamente os novos rituais para convocar um novo Micli,
mas só haveriam de obter resposta novamente quase 300 anos depois. E
dessa vez, a surpresa seria maior ainda. A ordem a esse tempo se
espalhara por Selgaor e Lasmianer, onde, apesar de haver tantos
descrentes, algumas pessoas importantes eram adeptas do Senhor da
Morte, e no local onde antes se ergueu a grande Capital Natharaya,
Nathattlan, agora havia a cidade sede da Ordem Kale, fundada pelos
invadores do império, onde, por incrível que pareça, muitas
pessoas cultuavam uma versão moderna do velho senhor da morte.
Então, o impacto não foi tão severo quando os sinais indicaram que
o novo Micli teria como mãe uma descendente dos Shards invasores,
ela era bastante importante na ordem por ser esposa de um dos membros
mais importantes, que havia falecido poucos meses antes deixando-a
grávida, grávida de um avatar. Um novo Micli ia chegar, em três
meses, não havia muito tempo para se acostumar com a idéia.
Todos estavam
completamente acostumados com as mudanças trazidas pelo último
Micli, portanto as novas e profundas mudanças que o novo traria,
foram recebidas com igual estranheza.
Aos 3 anos de
idade, ele já sabia que todos o consideravam muito especial, e sabia
porque, suas primeiras frases já demonstravam uma imensa
superioridade intelectual. Aos 5 anos ele foi apresentado a Vó
Nanda, uma velha membro da ordem que não estava mais em atividade,
mas que era a pessoa mais qualificada para fazê-lo dar um salto no
seu entendimento e nas suas capacidades, ela era uma parteira,
parteira de espíritos. Ele precisava trazer a tona toda a capacidade
de sua alma para poder desempenhar sua missão, isso aconteceria
naturalmente no decorrer da vida, mas, quanto antes, melhor.
A velha o fez
mergulhar dentro de si próprio para achar respostas para suas
perguntas, o sentido de sua missão. Ele é muito grato a ela até
hoje. Ao concluir, se tornou perfeitamente apto a fazer aquilo por
que viera, custasse o que custasse.
Lembrou a primeira
vez que os membros se reuniram para lhe ouvir. Muitos dos presentes
eram idosos e não imaginavam que teriam a sorte de ver Micli
encarnado antes de partirem, parecia irreal, e todos os presentes
consideravam-se seres de imensa sorte por presenciarem aquele
momento. Mas as coisas que o Micli viera fazer não agradariam a
todos.
Isso era algo
constante em sua vida, ás vezes parava e simplesmente tudo que já
havia acontecido passava como um filme, jamais esquecia nada, nem
mesmo o mínimo acontecimento do mais insignificante dos seus dias,
ou noites, pois o Micli, como avatar do senhor das trevas, jamais
vira a luz do dia, e isso era-lhe tão natural quando o é para uma
pessoa comum trabalhar durante o dia e dormir a noite. Claro que
limitava seus movimentos, sempre precisava estar em locais
especialmente preparados para ele, totalmente vedados da luz do dia.
E quando precisava sair, não lhe era muito cômodo.
Por isso naquele
dia seu humor não estava dos melhores, além de precisar sair, o
motivo não era nada divertido. Garuanos, sempre causando problemas,
isso foi contra todas as imensas cautelas do conselho da Ordem, mas
ele resolveu ir encontrar pessoalmente os representantes da Ordem dos
7 Dias, vários ao seu lado para dar segurança, como se ele
precisasse mesmo ser protegido, como se a morte precisasse ter medo
de alguma coisa.
Saiu de seus
aposentos na cidade de Garu poucas horas após o anoitecer, usando
três carruagens, em um ia ele com seus seguranças mais próximos, e
nos outros dois, mais alguns para servir de reforço. O encontro se
daria em um velho castelo abandonado nos arredores da cidade. Parecia
ser um campo neutro, mas não era, o lugar em si pertencia aos Filhos
de Itz, indiretamente. O palco estava preparado, faltava apenas os
artistas e o show.
Muitas pessoas na
rua estranharam aquelas três carruagens idênticas seguindo umas as
outras em grande velocidade, mas ele não se importou nem um pouco,
as pessoas tem o direito de achar estranho o que quer que queiram
assim considerar, e isso não lhe dizia respeito. Ao chegarem aos
terrenos do castelo, havia alguém para recepcioná-los, era um
membro da ordem, ele orientou o Micli e sua comitiva a seguirem por
uma escada localizada no lado esquerdo do imenso castelo, e seguirem
por um túnel de tamanho considerável. Chegaram em um amplo salão
branco com rodapé de mármore verde, havia do lado direito uma
discreta recepção, esquerdo apenas paredes de pedra e o acesso a um
largo corredor e ao centro duas imensas portas que davam para um
auditório, o próprio salão em si possuía várias poltronas
forradas com peles, como se fosse destinado a reuniões informais e
momentos de espera.
Havia uma pessoa
na recepção, era uma jovem adepta, quase a mesma idade do Micli,
ela levantou-se apressadamente e falou:
--- Eles já estão
esperando, está tudo pronto.
--- Obrigado,
Ellen --- Respondeu diretamente o Micli, o que fez a jovem ter um
imenso sobressalto de surpresa, tanto por ele falar com ela assim de
forma tão informal, quanto por lembrar seu nome.
A maioria dos que
o acompanhavam se distribuíram de forma uniforme pelo salão, apenas
3 entraram com ele, estes eram membros efetivos e importantes da
Ordem, especialmente escolhidos para aquela situação, motivo que os
deixava imensamente honrados.
Passaram pelas
largas portas de madeira em direção a porta que ficava ao fim do
corredor, estava fechada. Primeiro, um dos acompanhantes a abriu,
deixando que os outros dois entrassem cada um de um lado do Micli.
Era uma sala de tamanho médio e confortável, ao centro havia uma
grande mesa oval, com cerca de 12 cadeiras ao seu redor, as paredes
estavam nuas, sem pinturas ou tapeçarias de qualquer tipo. A um
canto havia uma elegante mesa de mármore onde haviam vários tipos
de bebida. Esses foram os detalhes que primeiro chamaram a atenção
do Micli, só depois ele reparou as três pessoas sentadas na mesa
oval, eram dois homens e uma mulher, todos vestidos de forma que
deixava obviamente claro que eram habitantes da cidade de Garu,
roupas próprias para as grandes altitudes onde a cidade era
localizada, estando a ponto de ter uma severa crise de suor naquele
ambiente subterrâneo e quente.
A mulher era
velha e vestia um vestido preto que lembrava as vestes de séculos
passados, possuía muitas rugas e não usava nenhuma maquiagem, na
cabeça, um típico chapéu usado por damas garuanas que saíra de
moda há algumas décadas e que apenas a rainha poderia usar sem que
a taxassem de brega. Dos homens um aparentava mais de 70 anos, sendo
que o único sinal que conservava se juventude eram os olhos vívidos
e profundamente interessados no ambiente ao redor. O outro era um
rapaz que não teria mais de 30 anos e parecia não estar muito
confortável no local. Além deles, havia uma simpática velhinha
uniformizada de copeira que estava servindo-lhes bebidas.
Assim que o Micli
entrou, todos se levantaram e esperaram que ele se dirigisse a um dos
pólos da mesa, o que ele fez, ao seu lado sentou-se Castres, o
membro da ordem que segurou a porta para os outros entrarem, ele era
como uma secretário, e iria traduzir o que Micli falasse para os
presentes entenderem. Os outros dois, ficaram de pé por trás da
cadeira do Micli. Assim que os recém chegados se acomodaram, os que
já se encontravam lá também sentaram-se, eram os membros da 7
dias, o senhor de idade, que parecia estar no comando, foi o primeiro
a falar:
--- Desejamos uma
boa noite ao Senhor, é realmente uma grande honra sermos recebido.
Eu me Chamo Arthur, essa senhora ao meu lado é minha esposa Annenn,
ao lado dela está Pater, um de nossos mais jovens e talentosos
membros. Como deve saber, nós também somos uma organização que o
veneramos, apesar de não contar com sua presença física.
--- Suposta
presença física --- Acrescentou o rapaz jovem, o que provocou um
olhar de reprovação dos outros. --- Entenda Senhor, não podemos
chegar aqui e considerar que alguém é um Deus apenas porque uma
Ordem descendente de Aborígenes o considera como tal.
Houve um movimento
de indignação de Castrés e um dos jovens que estavam de pé, que
entenderam perfeitamente o que disse o rapaz inglês. O Micli também
percebeu, não era difícil ler no rapaz o que rondava-lhe os
pensamentos, mas ele fez apenas um movimento de mãos e os outros
dois imediatamente voltaram ao normal:
--- Apenas traduza
Castrés.
Castrés traduziu
procurando amenizar as palavras ásperas que foram proferidas,
enquanto a mulher explicava:
--- Alguns dos
nossos jovens não entendem certas coisas antigas, veneramos ao
senhor da morte e o honramos com o que ele precisa de nós, mas não
sabemos se o Senhor é mesmo um avatar dele, não viemos para negar,
nem para afirmar, viemos para saber o que tem a nos dizer.
Castrés
prontamente traduziu para o Micli, que respondeu:
--- Você afirma
que seu grupo honra o Senhor da Morte com o que ele precisa de vocês,
o que o Senhor da Morte precisaria de mortais?
A velha ficou
surpresa com a pergunta, mas respondeu prontamente:
--- O Senhor já
deve saber, oferecemos-lhe o sangue, derramamos sangue em sua honra
para que assim caiamos nas suas graças.
Castrés traduziu
e ele mesmo ficou surpreso quando o Micli começou a rir enquanto
falava:
--- O maior erro
de sua raça é achar que os Deuses precisam de vocês. Acredite,
eles não precisam, nenhum deles. E eu sei o que vocês fazem, posso
ver claramente as imagens em cada uma de suas mentes, crianças, de
Yghatur não é? Vocês traficam crianças negras para oferecerem em
seus altares. É uma boa estratégia?
Pela primeira vez
todos se espantaram com a forma como Micli falou, o velho precisou
tomar um longo trago do copo de vinho que estava a sua frente, e
todos quiseram falar ao mesmo tempo, mas ele fez com que se calassem
e falou:
--- Sim Senhor, é
uma boa estratégia, ninguém lá sente falta delas, e ninguém em
Garu se importa, as vezes temos alguns problemas legais, mas nada que
um pouco de ouro não resolva. Qual o sistema que utilizam aqui?
Será um sistema melhor? O que Sacrificam?
--- Entendo ---
Falou pausamente o Micli. --- Aqui não sacrificamos mais pessoas,
atualmente sacrificamos abutres.
A reação foi
imediata e nem mesmo o velho conseguiu segurar os vários
comentários:
--- Abutres? ---
Falou o jovem --- Isso é uma piada, pensei que pelo menos tivessem
alguma seriedade.
--- Senhor? ---
Perguntou a velha senhora --- Que propriedade mágica teria um
abutre?
Arthur acalmou os
ânimos de outros e se dirigiu a Castrés:
--- Por favor,
gostaríamos apenas que o senhor explicasse a questão dos abutres.
Castres voltou-se
incrédulo para o Micli e repetiu o que Arthur disse, a resposta foi
imediata:
--- Sinto que não
tenham feito a associação lógica correta senhores, saibam que
matar um abutre simboliza a extirpação de algo que entrava o
desenvolvimento do mundo, o que gera muitas energias boas para
beneficiar quem o faz.
Ao ouvirem a
tradução do que o Micli fala, todos ficaram surpresos, era óbvio
que realmente havia um sentido profundo, aquilo parecia realmente ter
vindo de uma inteligência superior. Annen pediu a palavra, e se
dirigindo ao Micli, falou:
--- Voc... O
Senhor falou algo sobre ler as coisas em nós, por acaso possui
alguma capacidade telepática?
--- Eu possuo
muitas capacidades Annen --- Respondeu o Micli, e a maioria delas
prefiro não nomear. Mas consigo ver sim, eu vejo os sacrifícios que
já realizou, que Arthur realizou, vejo que até o jovem Pater já
fez alguns sacrifícios. Vejo como se sentem em relação ás
vítimas, não vêem-se sacrificando seres humanos, para vocês, as
criancinhas negras são como animais, é esse o valor que lhes
atribuem. Se vocês criaturas mortais estúpidas condenadas a
padecerem a morte conseguem considerar um ser completamente idêntico
a vocês como um animal? Porque acham que o Senhor da Morte receberá
esse ser como se fosse um ser humano?
Castres hesitou em
traduzir o que Micli falara, mas jamais ousaria alterar alguma
palavra, e o que disse produziu imenso impacto nos garuanos. Agora
não era apenas Pater, os outros estavam visivelmente desconfortáveis
em estar ali, diante da vacilação de Arthur, Pater tomou a palavra
e falou:
--- Acho que houve
um engano, não há afinidades de pensamento entre nossas ordens,
estamos saindo agora, com sua licença.
Fez que ia
levantar, e os outros o acompanharam, mas por algum motivo fizeram
apenas o gesto inicial e voltaram a sentar novamente, porém, sua
expressão era de um imenso susto e não de alguém que havia
resolvido permanecer no recinto. Pater abriu a boca como para
vociferar um xingamento, mas não saiu voz alguma.
--- Senhores. ---
falou o Micli usando com perfeição o idioma da velha Viskoya, ainda
utilizado em Garu. --- Acredito que não havia hora mais oportuna
para isso acontecer. Perdoem não lhes ter falado diretamente até
agora, mas não me acho em posição de discutir com moscas como
vocês, além do que, não tenho lá muitos entretenimentos e fingir
que não os entendia foi algo realmente divertido.
Os três agora mal
moviam os olhos, os corpos estavam completamente paralisados. Nisso,
o Micli se levantou, deu um amplo sorriso, soltou o sobretudo de
forma que seu peito ficasse completamente exposto e puxou da cintura
uma pequena adaga de obsidiana.
--- Olhem isso ---
Disse segurando a adaga --- Relíquia de tempo passados. No tempo
antigo, ela serviu para ceifar a vida de muitos homens, era a época
em que apenas homens era dignos de serem sacrificados, um tempo em
que haviam muitos bravos, honrados e poderosos homens, este é o
legado do sacrifício. Legado que vocês traíram, ao sacrificar
pessoas indignas e desmerecedoras de serem sacrificadas. Vocês são
os abutres, e hoje essa lâmina eliminará abutres, para que os
valores dos homens de honra continuem de pé. Claro que isso não
precisa ser feito por minhas mãos, é apenas um acontecimento
natural da mudança de era. Mas existe um abutre que não posso
perdoar, aquele que vasculha a carniça e diz fazer isso em meu nome.
Todos os que
estavam o acompanhando, inclusive Castrés, apenas observavam. O
Micli, então, dirigiu ao visitante que estava mais próximo, Arthur.
--- Arthur, velho
Arthur. Alguma vez pensou em como iria morrer? Tenho certeza que após
tanto tempo de convivência você e Annen pensaram como seria bom se
morressem os dois juntos. Eu sou a morte Arthur, estou concedendo-lhe
esse desejo --- Disse enquanto cortava a garganta dos dois mais
velhos com um único movimento da adaga.
O Sangue dos dois
se espalhou, uma parte considerável jorrando no peito nu do Micli e
também manchando seu sobretudo. Faltava apenas Pater, o Micli
aproximou-se dele e acariciou seu rosto ternamente.
--- Jovem Pater,
poderia ter sido um homem valoroso com a educação correta, mas se
tornou uma criança mal comportada. Sabe, eu realmente não gostei da
forma como se dirigiu a mim, foi realmente muito, muito ofensivo. Por
isso lhe darei um prêmio, sei que você é muito fascinado por essa
história de sacrifícios, sabe como os velhos ancestrais dos Filhos
de Itz sacrificavam suas vítimas? Vou lhe ensinar, não era essa
coisa piedosa de cortar a garganta.
Ao falar isso,
Micli abriu a parte superior das vestes do Jovem, deixando-o com o
peito exposto. Limpou a adaga do sangue dos outros percorreu a ponta
da mesma pelo peito do rapaz, provocando um leve arranhão.
--- Bem aqui
abre-se o corpo, e arranca-se o coração para fora com as próprias
mãos. Entendeu jovem?
Pater não podia
responder, mas de repente sentiu os movimentos do corpo voltando. Nem
mesmo acreditou que aquilo estava acontecendo, pensava que poderia
pegá-los de surpresa quando o Micli falou:
--- Não ache que
isso está fora dos meus planos. --- Disse enquanto com um aceno das
mãos, desfez a magia que mantinha Pater preso a cadeira, o que o fez
desabar de quatro no chão pelo efeito surpresa. --- Te ensinei como
um homem morre, agora vá, corra, estou lhe dando uma chance de
viver.
Pater não esperou
segunda ordem, saiu desabaladamente em direção a porta, passando
desesperado pelos três membros da Ordem e a velhinha que servia as
bebidas, que também era uma membro da ordem disfarçada. O Micli
então, dirigiu-se a um dos seus acompanhantes e entregou sua adaga,
falando:
--- Acabei de
ensinar aquele rapaz como um homem morre, vá atrás dele e ensine-o
como um homem caça.
O rapaz pegou a
adaga, o que era considerado uma grande honra, usar uma arma que
pertencia ao próprio Avatar, e saiu rapidamente no rastro do inglês.
Após concluir tudo, a imensa vivacidade que tomou conta do Micli
naqueles momentos de repente o abandonou, e ele voltou novamente a
ter aquele ar de quem estava pensando em algo muito distante. Castrés
se aproximou dele cautelosamente e falou:
--- O Senhor
concluiu? Deseja retornar agora, quer fazer algo antes?
--- Quero retornar
sim Castrés. Preciso tomar um banho, tenho mais um encontro essa
noite.
--- Mais um
encontro? O Senhor não havia falado. Quantos de nós irá precisar?
--- Nenhum
Castrés, vocês não estarão presentes, apenas me leve para casa.
Castrés convivia
com Micli tempo suficiente para não fazer perguntas adicionais,
Apenas deu sinais para o que cada um dos rapazes presentes devia
fazer e passou a providenciar o retorno. Enquanto isso, o Micli
pensava no encontro que teria logo mais, ele esperava que
acontecesse, mas talvez a outra parte não fosse capaz de chegar no
local onde se daria.
Muito bom!
ResponderExcluirVou aguardar os próximos!
Obrigado pela leitura Yuri, se tudo correr conforme o planejado, virão muitos outros.
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