Assuntos Abordados nesta postagem:
1. O que é Magia
Brasileira
2. Para que Serve a
Magia Brasileira
3. Divisões da Magia
Brasileira
4. O limite entre
Crendice e prática mágica
É andando na mata
é olhando pro céu
que eu sinto a magia
que eu rasgo este véu
1. O que é Magia
Brasileira
Para falar de magia
brasileira em primeiro lugar se faz necessário dizer o que chamo de
magia e a partir daí construir uma definição precisa do que
poderíamos chamar de magia brasileira. A definição de magia que
apresento abaixo é a mesma que coloco em todos os artigos em que o assunto é tratado
relacionados em magia e encontra-se retratada também em uma postagem do blog:
A Magia, o próprio nome possui uma carga de
sedução tão poderosa, que eu gosto de as vezes pronunciar apenas
para ouvir o som que o mesmo provoca. Magia, para mim, é a arte de
interagir e manipular as forças desconhecidas da natureza, interior
e exterior ao homem, isso em sentido estrito. Em sentido amplo, e eu
gosto desse sentido amplo, Magia é tudo que dá um “tapa na cara”
da realidade instituída, ou seja, que mostra o que está sob o véu
do que as pessoas acham que é real. Desse ponto de vista, a aparição
de uma fada é magia, a criação de um servidor é magia, o acesso a
um outro plano através da meditação é magia, até um milagre
realizado por um religioso é magia.
Creio que a magia possua dois
processos básicos, interno e externo. Em primeiro lugar, você
precisa acreditar internamente na magia, desenvolver sua mente, seu
ser, para entender e acessar as forças desconhecidas, para então
interagir com elas. O poder de um “mago” se resume a dois
fatores: talentoXestudo. Alguns nascem com pré disposição para a
coisa, mas não estudam e nunca desenvolvem, outros nascem sem
praticamente nenhuma inclinação, mas se interessam e vão longe.
O poder mágico então, se dá por
uma conjugação de dois processos, desenvolvimento interno e o
acesso à energias externas (sem contar no acesso às energias
internas também, algumas pessoas possuem energias internas super
potentes e devem usá-las com bom planejamento para desenvolver ainda
mais seu poder mágico).
Considerando a magia como possuidora
de elementos exteriores ao indivíduo, podemos afirmar que ela pode
ocorrer independente da vontade do indivíduo. A magia pode lhe
atingir quando você menos esperar. Ela pode chamá-lo para desvendar
seus mistérios. Ela pode envolver sua vida até você não ter
escolha senão explorá-la. Ela esta na natureza, independente
de sua vontade. Esta na floresta, nas águas, no ar, na vida que
pulsa por todas as partes.
Esta nos deuses, em Deus. Acho essa
Magia muito mais interessante, mais iluminadora e real que aquela que
se resume a técnicas mentais para desenvolver a vontade individual.
Por isso acho a maioria das ordens tão pobre de objetivos, não me
empolgam, reduzem a magia à manipulação da vontade humana, dão
uma supervalorização ao homens, considerando-o grande demais. Sou
contra isso, acho que para crescer, o primeiro passo é reconhecer-se
pequeno.
Considerando o conceito
de magia fornecido, posso dizer que magia brasileira são aqueles
costumes, ritos e práticas de todo tipo que procuram interagir ou
manipular com as energias desconhecidas da natureza e da nossa mente
que tenham uma raiz essencialmente nacional ou que tenham sido
absorvidas no ordenamento cultural de nosso povo de forma a passar a
integrar nossa herança espíritocultural.
Para que o conceito de
magia brasileira não pareça confuso, irei fornecer um conceito de
magia alienígena, ou estrangeira. Magia alienígena é aquela
prática que não possui quaisquer elementos locais, cujos valores e
paradigmas estão completamente baseados na herança cultural de
outros povos. Vou dar um exemplo prático. Se você é um wiccano,
isso por si só não te faz um mago praticante de magia brasileira ou
alienígena. Se você adota as velhas crenças e práticas de
veneração da grande mãe e interação com as energias naturais,
está praticando ritos da herança cultural da humanidade como um
todo, agora se só utiliza em suas práticas os elementos de
referências de outros países, (tem gente que encomenda galhos de
árvores europeus para fazer varinhas), ignora completamente as
práticas da nossa cultura de venerar a mãe, de interagir com os
seres da natureza, então você é um praticante de magia alienígena.
2. Para que serve a
magia brasileira
Posto isso, se
pergunta, qual a importância de eu usar magia brasileira ou
estrangeira?
Esta é uma pergunta
muito delicada. Alguns magistas são completamente alienados em
relação a magia brasileira, considera o saci pererê e a curupira
uma história para crianças e sai pelas matas caçando gnomos
escandinavos. Nada contra os gnomos escandinavos, não há nada de
errado em utilizar referências estrangeiras. Inclusive uma xenofobia
arcana seria uma tolice enorme, porque quando falamos de magia,
estamos nos referindo a toda uma herança universal da humanidade que
remota a civilizações muito antigas, ter aversão ao que vem de
fora é uma verdadeira castração mental.
Porque então estou me
dando ao trabalho de falar de magia brasileira e incentivar sua
prática? Por vários motivos, um deles é que temos uma herança
cultural riquíssima que está se perdendo em vários pontos. Vemos
bruxas de shopping pulularem ao milhares pelo país afora, mas
dificilmente vemos uma adolescente procurar uma velha benzedeira para
aprender o ofício da reza. Magia é antes de tudo, interação
mente-universo, então quando procuramos nos desenvolver dentro da
magia é indispensável que antes de tudo procuremos conhecer muito
bem como nossa mente funciona. Precisamos saber de onde vem nossos
valores, nossos preconceitos, nossas crenças, principalmente as mais
primárias, os valores que aprendemos quando criança são muito
difíceis de serem mudados, ao invés de lutar contra eles, devemos
utilizá-los como a poderosa fonte de poder que representam, esse
assunto será melhor analisado quando falarmos de magia da fé, para este é
necessário apenas que entendamos que os valores culturais de nosso
pais estão enraizados profundamente no nosso inconsciente e no
inconsciente coletivo de todos que nos circulam, representando uma
poderosa fonte de energia que um praticante da arte inteligente não
pode ignorar. Está é a importância da magia brasileira, são
práticas que evocam as energias das crenças do nosso povo, ao
utilizá-las não é apenas nossa mente trabalhando. Para os que
diriam que usar magia alienígena é a mesma coisa porque estamos
usando o inconsciente coletivo do povo que a originou, eu digo que
não é a mesma coisa por um motivo muito simples: apesar de ser
óbvio, sabemos que o inconsciente coletivo funciona como um campo
fértil para propagar o que esta nele gravado. Se usamos uma prática
de magia brasileira sendo brasileiros, estamos programados para
utilizar aquela energia, se somos estrangeiros, precisamos de um
esforço mental muito maior em virtude de aquelas práticas não
estarem programadas em nós como algo real.
Devemos entender que a
força mental é algo muito mais profundo que a mente consciente, não
é porque eu fico repetindo mil vezes “gnomos existem, gnomos
existem” que meu subconsciente vai acreditar nisso e liberar sua
energia para a evocação dos gnomos. Agora, se quando eu era
criancinha eu cresci aprendendo que os gnomos estão em toda parte, o
inconsciente nem mesmo questiona, ele salta e diz “gnomos, aqui
vamos nós”.
3. Divisões da Magia
Brasileira
Em primeiro lugar,
gostaria de dizer que a classificação que farei aqui é meramente
didática e tem como principal objetivo fornecer um norte para o
desenvolvimento do tema nesta e em posteriores postagens. Não estou querendo dizer que são as
únicas formas de magia nacional nem a maneira mais correta de
classificar. Esclarecido este ponto, continuemos.
Essa classificação se
faz necessária em virtude de que é com base na mesma que faremos as
práticas.
1. Magia Popular:
Práticas de magia popular são aquelas desvinculadas de qualquer
religião específica e que mesmo assim são usadas no cotidiano das
pessoas. É o caso de algumas simpatias, mandingas e costumes. Estão
englobados nesse item a maioria das superstições populares.
2. Praticas
relacionadas às religiões: são os rituais de magia umbandistas, do
catimbó, do camdomblé e até católicos (sim, existe magia
católica). É um campo muito vasto e abrangente. Neste item também
abordaremos as benzeduras.
3. Experimentação
mágica feita por brasileiros. São as técnicas e tradições novas
criadas por nossos compatriotas tupiniquins. Vai desde os
experimentadores da magia do caos àqueles que inovam em seguimentos
tradicionais ou que sem seguir tradição alguma criam novas
técnicas. Esse é uma área por demais vasta e em virtude disto não
será objeto de estudo desde tema, cabe a cada um que se interesse
pelo que é criado de novo aqui que vasculhe a internet e as
livrarias em busca, garanto que há muita coisa boa, e muita coisa
ruim também. Cabe a cada um julgar o que melhor lhe apraz.
4. O limite entre
Crendice e Prática Mágica
Talvez fosse melhor
esclarecer este ponto quando da abordagem de práticas populares a
ser feita em postagens posteriores, porém, considerei importante
esclarecer aqueles que em uma primeira leitura possa ter considerado
que estamos falando de meras crendices, sem utilidade para o
praticante das artes mágicas.
Sabemos que nas crenças
populares está presente uma forte carga da experiência mágica
popular de um povo. Nem toda crendice tem uma razão de ser mágica,
algumas são simples e meramente crendices na melhor acepção da
palavra. No entanto, algumas delas vão além da mera crença, são
verificáveis na prática. São passíveis de análise pelo ocultista
curioso e investigador. São estar o nosso objeto de estudo. Aquelas
crendices que ultrapassam as fronteiras da mera superstição e
avocam efeitos reais e comprováveis empiricamente às práticas
mágicas de qualquer pessoa.
Este é apenas o início de várias postagens do blog em que trataremos da chamada magia brasileira, a próxima postagem do assunto será voltada exclusivamente para a prática, então quem desejar arregaçar as mangas e praticar um pouco de magia tupiniquim, absorva os conceitos teóricos e aguarde o que vem por ai.
Entre no clima da Magia Brasileira ouvindo Maria Bethânia:
Letra:
Carta de Amor - Maria Bethânia
Não mexe comigo que eu não ando só
Eu não ando só, que eu não ando só
Não mexe não
Eu não ando só, que eu não ando só
Não mexe não
Eu tenho zumbi, besouro o chefe dos tupis
Sou tupinambá, tenho erês, caboclo boiadeiro
Mãos de cura, morubichabas, cocares, arco-íris
Zarabatanas, curarês, flechas e altares.
A velocidade da luz no escuro da mata escura
O breu o silêncio a espera. eu tenho jesus,
Maria e josé, todos os pajés em minha companhia
O menino deus brinca e dorme nos meus sonhos
O poeta me contou
Sou tupinambá, tenho erês, caboclo boiadeiro
Mãos de cura, morubichabas, cocares, arco-íris
Zarabatanas, curarês, flechas e altares.
A velocidade da luz no escuro da mata escura
O breu o silêncio a espera. eu tenho jesus,
Maria e josé, todos os pajés em minha companhia
O menino deus brinca e dorme nos meus sonhos
O poeta me contou
Não mexe comigo que eu não ando só
Eu não ando só, que eu não ando só
Não mexe não
Eu não ando só, que eu não ando só
Não mexe não
Não misturo, não me dobro a rainha do mar
Anda de mãos dadas comigo, me ensina o baile
Das ondas e canta, canta, canta pra mim, é do
Ouro de oxum que é feita a armadura guarda o
Meu corpo, garante meu sangue, minha garganta
O veneno do mal não acha passagem e em meu
Coração maria ascende sua luz, e me aponta o
Caminho.
Me sumo no vento, cavalgo no raio de iansã,
Giro o mundo, viro, reviro tô no reconcavo
Tô em face, vôo entre as estrelas, brinco de
Ser uma traço o cruzeiro do sul, com a tocha
Da fogueira de joão menino, rezo com as três
Marias, vou além me recolho no esplendor das
Nebulosas descanso nos vales, montanhas, durmo
Na forja de Ogum, mergulho no calor da lava
Dos vulcões, corpo vivo de xangô
Anda de mãos dadas comigo, me ensina o baile
Das ondas e canta, canta, canta pra mim, é do
Ouro de oxum que é feita a armadura guarda o
Meu corpo, garante meu sangue, minha garganta
O veneno do mal não acha passagem e em meu
Coração maria ascende sua luz, e me aponta o
Caminho.
Me sumo no vento, cavalgo no raio de iansã,
Giro o mundo, viro, reviro tô no reconcavo
Tô em face, vôo entre as estrelas, brinco de
Ser uma traço o cruzeiro do sul, com a tocha
Da fogueira de joão menino, rezo com as três
Marias, vou além me recolho no esplendor das
Nebulosas descanso nos vales, montanhas, durmo
Na forja de Ogum, mergulho no calor da lava
Dos vulcões, corpo vivo de xangô
Não ando no breu nem ando na treva
Não ando no breu nem ando na treva
É por onde eu vou que o santo me leva
É por onde eu vou que o santo me leva
Não ando no breu nem ando na treva
É por onde eu vou que o santo me leva
É por onde eu vou que o santo me leva
Medo não me alcança, no deserto me acho, faço
Cobra morder o rabo, escorpião vira pirilampo
Meus pés recebem bálsamos, unguento suave das
Mãos de maria, irmã de marta e lázaro, no
Oásis de bethânia.
Pensou que eu ando só, atente ao tempo num
Começa nem termina, é nunca é sempre, é tempo
De reparar na balança de nobre cobre que o rei
Equilibra, fulmina o injusto, deixa nua a justiça
Cobra morder o rabo, escorpião vira pirilampo
Meus pés recebem bálsamos, unguento suave das
Mãos de maria, irmã de marta e lázaro, no
Oásis de bethânia.
Pensou que eu ando só, atente ao tempo num
Começa nem termina, é nunca é sempre, é tempo
De reparar na balança de nobre cobre que o rei
Equilibra, fulmina o injusto, deixa nua a justiça
Eu não provo do teu féu, eu não piso no teu chão
E pra onde você for não leva o meu nome não
E pra onde você for não leva o meu nome não
E pra onde você for não leva o meu nome não
E pra onde você for não leva o meu nome não
Onde vai valente? você secô seus olhos insones
Secaram, não vêêm brotar a relva que cresce livre
E verde, longe da tua cegueira. seus ouvidos se
Fecharam à qualquer música, qualquer som, nem o
Bem nem o mal, pensam em ti, ninguém te escolhe
Você pisa na terra mas não sente apenas pisa,
Apenas vaga sobre o planeta, já nem ouve as
Teclas do teu piano, você está tão mirrado que
Nem o diabo te ambiciona, não tem alma você é
O oco, do oco, do oco, do sem fim do mundo.
Secaram, não vêêm brotar a relva que cresce livre
E verde, longe da tua cegueira. seus ouvidos se
Fecharam à qualquer música, qualquer som, nem o
Bem nem o mal, pensam em ti, ninguém te escolhe
Você pisa na terra mas não sente apenas pisa,
Apenas vaga sobre o planeta, já nem ouve as
Teclas do teu piano, você está tão mirrado que
Nem o diabo te ambiciona, não tem alma você é
O oco, do oco, do oco, do sem fim do mundo.
O que é teu já tá guardado
Não sou eu que vou lhe dar,
Não sou eu que vou lhe dar,
Não sou eu que vou lhe dar
Não sou eu que vou lhe dar,
Não sou eu que vou lhe dar,
Não sou eu que vou lhe dar
Eu posso engolir você só pra cuspir depois,
Minha forma é matéria que você não alcança
Desde o leite do peito de minha mãe, até o sem
Fim dos versos, versos, versos, que brota do
Poeta em toda poesia sob a luz da lua que deita
Na palma da inspiração de caymmi, se choro, quando
Choro e minha lágrima cai é pra regar o capim que
Alimenta a vida, chorando eu refaço as nascentes
Que você secou.
Se desejo o meu desejo faz subir marés de sal e
Sortilégio, vivo de cara pra o vento na chuva e
Quero me molhar. o terço de fátima e o cordão de
Gandhi, cruzam o meu peito.
Sou como a haste fina que qualquer brisa verga
Mas, nenhuma espada corta
Minha forma é matéria que você não alcança
Desde o leite do peito de minha mãe, até o sem
Fim dos versos, versos, versos, que brota do
Poeta em toda poesia sob a luz da lua que deita
Na palma da inspiração de caymmi, se choro, quando
Choro e minha lágrima cai é pra regar o capim que
Alimenta a vida, chorando eu refaço as nascentes
Que você secou.
Se desejo o meu desejo faz subir marés de sal e
Sortilégio, vivo de cara pra o vento na chuva e
Quero me molhar. o terço de fátima e o cordão de
Gandhi, cruzam o meu peito.
Sou como a haste fina que qualquer brisa verga
Mas, nenhuma espada corta
Não mexe comigo que eu não ando só
Eu não ando só, que eu não ando só
Não mexe comigo
Eu não ando só, que eu não ando só
Não mexe comigo
Módulo 2 em breve.
Terminei, muito bom o texto.
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